
Até onde eu posso me lembrar eu sempre viajei. Mesmo antes de chegar aqui, que eu nem me lembro quando foi porque agora minha memória já está misturada com as informações do meio. Só tenho sensações, que são mais cheiros e aromas de memória do que lembrança. Mas o que é memória senão os registros dos sete sentidos corporais? Lembramos de imagens, de sons que lembram outras coisas, de cheiros, e quanto mais distante da memória estamos, mais fragmentado fica esses registros. É quando lembramos de um rosto, mas não do nome ou da referência desse rosto, ou lembramos só de um pedaço que nem sabemos o que significa. Da minha casa eu me lembro do clima. Ameno. Lembro de sons, vozes, aromas, as roupas, os sorrisos, e da minha sensação de bem estar e segurança. Não sei onde fica; a cada dia lembro menos e me distancio mais. Tenho saudades de coisas que nem sei o que são. Fico com o peito pesado, triste, querendo escrever uma carta pra alguém, mas nunca sei quem ou do quê sinto falta. Já não lembro mais. Caí aqui e agora não sei voltar.
Naquele dia eu senti essa sensação de novo. Lá estava eu num lugar estranho novamente, sem saber como entrei e muito menos como vou sair. De frio, fome, medo e cansaço, acabei dormindo naquela lama. Amanheceu e eu vi que era um lago grande. Circundado por uma vegetação bonita e espessa. Para a minha direita se abria um vale, mas para a esquerda era uma floresta sem fim.
2 comentários:
Olá viajante!!!Li tudo,reli tudo,não queria mais que acabasse,queria continuar lendo e lendo...Escrever é uma maneira de abrir portas e atravessar paredes .Hoje a saudade deste lugar que cada um guarda no peito,alguns mais esquecidos outros mais conscientes...mas hoje de alguma forma enquanto minha caneca jazia um café profundamente negro de quase infelicidade,minha alma lembrou com sua lembrança, de que existe um lugar chamado mais casa do que paraíso, mais casa do que inferno,ou seja lá qual maniqueísmo seja esse..."Recordare, recordare",meu café voltou a ser quente.Um grande abraço viajante!!!!
Cara Viajante,
Seu diário nos mostra o que há por trás das paredes. Revela, não o quanto o mundo pode ser grande e além, mas quanto nós podemos.
Espero ansiosa mais paisagens dessas viajem.
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